PROJETO EM ANDAMENTO 2016

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sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

INCLUSÃO ESCOLAR NA PRÁTICA - Dicas e sugestões de como fazer acontecer - Por Andréa Regina Marques Padilha

À partir da experiência que obtive como Educadora Especial na Sala de Recursos Multifuncionais ousei organizar todas as minhas observações e reflexões quanto aos entraves no âmbito escolar que em alguns momentos impedem que o Processo Inclusivo flua com naturalidade, com conhecimento e de forma responsável por parte de todos os envolvidos.
Trabalhar com um aluno com deficiência pode ser tão ou mais gratificante do que com qualquer outro estudante sem deficiência. O ACOLHIMENTO a meu ver não está sendo impedimento para esse aluno estar na escola, mas a INCLUSÃO não é só acolher e a aprendizagem dele? A parceria que deve haver com a sua família? Quem orienta quem em caso de dúvidas? As atividades para ele não devem ser diferentes das atribuídas para o resto da turma em sala de aula, mas e se ele não acompanha no mesmo nível cognitivo como fazer? Como avaliar esse aluno? Ele tem aprovação garantida independente de seu desempenho escolar? 
Todas essas dúvidas permeiam o ambiente escolar e ficam veladas entre os educadores pois parece que discuti-las demandará MAIS atribuições, MAIS obrigações somente ao professor.
Devemos enxergar a INCLUSÃO ESCOLAR como um avanço na garantia dos direitos humanos, como um aprendizado a mais na Arte de Educar para a Vida, como um aprimoramento no processo Ensino-Aprendizagem voltado à Diversidade Humana, concordam?
Sendo assim, organizei um Guia Teórico-Metodológico com o objetivo de clarear as questões levantadas e quem sabe auxiliar aquele profissional que quer fazer acontecer!!!

Socializo com vocês o referido trabalho:












GUIA TEÓRICO-METODOLÓGICO PARA A PRÁTICA INCLUSIVA DO ENSINO FORMAL: UMA CONTRIBUIÇÃO DA PROFESSORA DA SALA MULTIFUNCIONAL.

ANDRÉA REGINA MARQUES PADILHA

ITAJAI(SC), 12 de SETEMBRO de 2012.



1 - JUSTIFICATIVA

    Um dos entraves hoje, na proposta educacional inclusiva é a efetivação de metodologias e estratégias principalmente por parte dos educadores nas salas de ensino comum. O professor é a peça chave que pode delimitar o sucesso ou o fracasso da quebra de barreiras na Inclusão Escolar.
    Ao receber um aluno com deficiência, alguns profissionais apoiam-se no antigo chavão “Eu não tive formação adequada, portanto não sei como trabalhar com esse aluno” ou ainda “Meu papel é repassar conteúdos, não tenho conhecimento para lidar com as especificidades desse educando”.
    Concordo que um dos papéis da escola é esse: a transmissão do conhecimento, mas na atualidade proporcionando condições para que todos os alunos aprendam, construam o seu conhecimento dentro de suas limitações, caso esse do público alvo da Educação Especial.
     A inclusão não é um processo que veio desmerecer o sistema educativo, muito pelo contrário, a inclusão talvez no futuro, tornará nossa sociedade mais justa e humana.
    Acredito que a inclusão não pode ser algo edificante só na intenção e nos documentos legais. Ela é algo vivo, presente, latente em nossas escolas públicas e suas questões precisam ser discutidas, esclarecidas para que com o entendimento necessário, todos a coloquemos em prática.
    Vale ressaltar que a efetivação    do processo inclusivo depende de outros fatores, além da vontade do professor em acertar. Depende de um trabalho conjunto, de parcerias estabelecidas, mas principalmente da aceitação às diferenças.
   Em 2011 assumi o compromisso de desenvolver o papel de agente inclusivo a frente do Atendimento Educacional Especializado (AEE) na  Escola Básica Prefeito Alberto Werner. Durante esse período desenvolvi um projeto de trabalho que me proporcionou estudar a legislação vigente ao tema, experimentar estratégias e metodologias nos atendimentos, detectar especificidades em deficiências variadas, estabelecer vínculos, comunicação e troca de informação com pais, alunos, professores e gestores.Toda essa vivência e embasamento teórico transformou-se em fonte de observações e pesquisa na busca do que falta ao professor para apropriar-se da inclusão, para fazê-la acontecer na prática.
     Nesse trabalho sintetizo minhas conclusões como especialista em Educação  Especial, pedagoga habilitada em Educação Infantil e Séries Iniciais por formação e professora de AEE, objetivando contribuir com informações fundamentais a todos os envolvidos nessa luta pelos direitos de todos.

     Foi através da necessidade em acertar e contribuir na efetivação de um trabalho inclusivo mais eficaz e coletivo que nasceu a inspiração de elaborar, a partir de minha experiência com todos os profissionais envolvidos no âmbito escolar , um Guia norteador de abordagens inclusivas aos  gestores, famílias de crianças com deficiência, agentes desses alunos, mas em especial aos professores do ensino formal.

 
2. OBJETIVOS

2. 1. Geral

- Documentar e divulgar no formato de um Guia Prático, orientações concluídas a partir de um trabalho de pesquisa realizado no período de agosto de 2011 a 2012, com sugestões e abordagens necessárias à prática de ensino inclusivo, contribuindo com esse processo nas Unidades Escolares.

2.2. Específico (s):

Contribuir a partir de minha experiência como professora da Sala de Recursos Multifuncionais, com sugestões de práticas inclusivas embasadas na teoria e legislação vigentes;
Apontar alternativas para a escola lidar com determinadas situações;
Elencar formas de avaliar os alunos com Necessidades Especiais em suas atividades;
Demonstrar sugestões de como intervir com crianças com deficiência ajudando a estabelecer relação a uma base teórica;
Contribuir com subsídios aos profissionais interessados em efetivar o processo inclusivo;
Oferecer dicas de como agir com ANEE (Alunos com Necessidades Educativas Especiais) diante das dificuldades em sala do ensino comum;
Esclarecer dúvidas que porventura possam surgir nas práticas pedagógicas escolares, bem como elucidar o papel de todos os envolvidos no processo inclusivo

3. EIXOS DESENVOLVIDOS:
 
   Abordagens Teóricas, Metodológicas Inclusivas para as práticas do Ensino Fundamental sugeridas a partir das Diretrizes do MEC.

4.  Metodologia                    

      Entre Agosto de 2011 a agosto de 2012 realizei um trabalho investigativo de observação direta nas salas de aula do ensino comum, coletei informações com profissionais da Educação Especial, levantei dificuldades dos educadores envolvidos no processo inclusivo e através de entrevistas com pais, professores, gestores, alunos atendidos, bem como reflexões e debates em torno das necessidades para a inclusão de forma efetiva, pude perceber e relacionar como pontos de estudo e posterior busca de soluções questões que estão diretamente ligadas ao desempenho dos educandos com NEE e ao manejo didático-pedagógico dos educadores com esses seus alunos.
     Pretendo com esse trabalho apresentar o material Guia Teórico-Metodológico montado, sintetizar um pouco das informações práticas contidas nesse documento e tecer conclusões acerca do que é fundamental a todos os profissionais envolvidos no âmbito educacional transpondo teoria para a prática a fim de que realmente se efetive a inclusão escolar, para que ela finalmente “saia do papel”.
     Abaixo o referido Guia na sua íntegra que encontra-se disponibilizado na E.B.Prefeito Alberto Werner para fins educativos e de pesquisa da comunidade escolar envolvida, bem como no endereço eletrônico :


GUIA TEÓRICO-METODOLÓGICO COM ABORDAGENS PARA AS PRÁTICAS INCLUSIVAS:

1-   Professor, não viva do passado: os tempos são outros...
     
     Várias leis e documentos internacionais estabeleceram os
Direitos das pessoas com deficiência no nosso país. Confira alguns
deles, que foram referendados na revista eletrônica Nova Escola
sobre as Leis sobre a diversidade, outubro de 2006:
 
1988 - CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA-
 
- Prevê o pleno desenvolvimento dos cidadãos, sem preconceito de
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação; garante o direito à escola para todos; e coloca como
princípio para a Educação o "acesso aos níveis mais elevados do
ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de
cada um";

1989- LEI Nº 7.853/89-

- Define como crime recusar, suspender, adiar, cancelar ou extinguir a matrícula de um estudante por causa de sua deficiência, em qualquer curso ou nível de ensino, seja ele público ou privado. A pena para o infrator pode variar de um a quatro anos de prisão, mais multa;

1990 - ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA):

Garante o direito à igualdade de condições para o acesso e a permanência na escola, sendo o Ensino Fundamental obrigatório e gratuito (também aos que não tiveram acesso na idade própria); o respeito dos educadores; e atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular;

1994 - DECLARAÇÃO DE SALAMANCA:
   
 - O texto, que não tem efeito de lei, diz que também devem receber atendimento especializado crianças excluídas da escola por motivos como trabalho infantil e abuso sexual. As que têm deficiências graves devem ser atendidas no mesmo ambiente de ensino que todas as demais;

1996 - LEI E DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL (LBD):

- A redação do parágrafo 2o do artigo 59 provocou confusão, dando a entender que, dependendo da deficiência, a criança só podia ser atendida em escola especial. Na verdade, o texto diz que o atendimento especializado pode ocorrer em classes ou em escolas especiais, quando não for possível oferecê-lo na escola comum;

2000 - LEIS Nº10.048 E Nº 10.098:

- A primeira garante atendimento prioritário de pessoas com deficiência nos locais públicos. A segunda estabelece normas sobre acessibilidade física e define como barreira obstáculos nas vias e no interior dos edifícios, nos meios de transporte e tudo o que dificulte a expressão ou o recebimento de mensagens por intermédio dos meios de comunicação, sejam ou não de massa;

2001 - DECRETO Nº3.956 (CONVENÇÃO DA GUATEMALA):

- Põe fim às interpretações confusas da LDB, deixando clara a impossibilidade de tratamento desigual com base na deficiência. O acesso ao Ensino Fundamental é, portanto, um direito humano e privar pessoas em idade escolar dele, mantendo-as unicamente em escolas ou classes especiais, fere a convenção e a Constituição;

Conforme as legislações que amparam a permanência do ANEE na escola, não aceitar alunos com deficiência nos dias atuais é considerado crime, nossa legislação garante a todos esse direito de estar na escola, independente da limitação;

- Não há lei que determine o número máximo de alunos por turma, em detrimento de um ANEE que esteja matriculado na sala, portanto não apoie-se nessa questão professor;

2- Dê os primeiros passos... O caminho se faz ao caminhar !


     Sabendo da legislação que ampara o aluno com deficiência estar na escola, a primeira ação do professor deve ser: acolher! Receber esse aluno, acolhê-lo, a ele e a sua família,transmitir confiança, passar a segurança do profissional que é: para isso ele recebeu a devida formação;
 
 
- Acolhidos aluno e família, o professor deve conversar com a turma sobre o amigo que irão receber, sensibilizar os colegas de sala para que aprendam a lidar com as diferenças prováveis (os alunos poderão ser um suporte muito importante de auxílio na aprendizagem do ANEE e do professor também.É importante que o educador informe ao grupo, sem constrangimentos ao envolvido, que tipo de deficiência, limitações e especificidades o colega de classe apresenta de forma a convidar a turma a auxiliá-lo no processo inclusivo; 
- Deve estabelecer um contato inicial com os pais no intuito de coletar recomendações médicas, uso de medicações contínuas, orientações de especialistas que porventura atendam esse educando. Estruturar um perfil de saúde e cuidados específicos que acompanham a criança é fator essencial para evitar problemas futuros;
 
- O professor precisa estudar, pesquisar, buscar  fontes bibliográficas que esclareçam a deficiência específica de seu educando e ...mãos à obra! Uma dica: hoje na internet os sites de busca e Blogs Educativos trazem uma infinidade de informações pertinentes a todos os tipos de Deficiências;
 
Cabe ao professor iniciar o  seu trabalho, sendo o mesmo profissional para todos.

    3- Educação Especial Inclusiva: apoio especializado ao professor.

       - É de suma importância o estabelecimento de parcerias do
    professor do ensino comum com outros profissionais especializados como: professor do AEE da Sala de Recursos Multifuncionais 
   (SRM), profissionais de Ed. Especial de outras instituições que
   atendam o aluno na área educacional (como psicopedagogos ),
   profissionais da área da saúde como: psicólogos,
    fisioterapeutas ,fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais...

    - Após um certo tempo de convívio com o seu aluno com necessidades especiais, o professor poderá  elencar as questões das quais apresentar dúvidas, das quais não conseguiu executar no processo inclusivo;

    - Na rotina diária da sala de aula, precisa apontar o que seu    aluno não conseguiu acompanhar e porquê. Quais estratégias foram  utilizadas para sanar as limitações e não surtiram efeito, que habilidades o educando ainda não desenvolveu e frente as suas limitações as dificuldades encontradas pelo professor em explorá-la;

     -  Depois de ter em mãos o que realmente não dá conta sozinho, o professor deve solicitar auxílio: uma visita de profissionais especializados que atendam o seu aluno ou ele mesmo visitar a instituição , ligar, perguntar ao professor do AEE da Sala de Recursos Multifuncionais de sua escola ou de outra próxima...Se Maomé não vai à montanha...professor, busque  você o que não está bem claro e esclareça, afinal o aluno está sob a sua responsabilidade educativa.

Em contato com profissionais especializados você poderá solicitar:

- Leituras, informações, esclarecimento sobre as deficiências dos educandos;
Sugestões de materiais pedagógicos adaptados para melhor atender seu ANEE;
Orientações de Locomoção e Mobilidade caso o aluno tenha uma deficiência Física ou Visual;
Estratégias de Comunicação Alternativa à deficiências que possuam limitações na linguagem;ou uso de LIBRAS para surdos, entendimento do Braille para cegos;
Recursos Tecnológicos Acessíveis para a apropriação do ANEE em casa ou na escola;
Encaminhamentos do aluno a outros serviços ou atendimentos se houver necessidade;
Possíveis esportes adaptados aos quais o educando poderá fazer uso para melhorar seu desempenho;
Formas adequadas de lidar com as famílias;
Informações de Capacitações específicas na área da deficiência de seu aluno;
Orientações para lidar com problemas comportamentais com crianças agressivas, hiperativas, com déficit de atenção, autismo, apatia demasiada, etc.


4- É só o professor regente que precisa instrumentalizar-se no processo inclusivo? O papel da gestão escolar.

Gestão Escolar:
- A escola é uma instituição com múltiplas funções, uma das principais é proporcionar condições para que os alunos aprendam, outra é buscar ensinar para a diversidade, sendo inclusiva, portanto inclusão não é sinônimo simplesmente de socialização desses alunos no grupo ao qual estão inseridos.

-  O aluno com ou sem deficiência (esse é o termo correto e não os “ditos normais”) está na escola para aprender algo mais, para criar autonomia, para buscar sua independência futura. Nesse ponto o gestor escolar precisa estar sensível às causas inclusivas , assegurando uma educação de qualidade para todos;

É importante delimitar com o seu grupo os objetivos educacionais, as estratégias de ensino, como se dará a avaliação formativa que se pretende executar em apoio ao sistema inclusivo, para que todas essas decisões do coletivo permeiem o Projeto Político Pedagógico da unidade de ensino;

O gestor pode estar a frente de uma proposta de reestruturação curricular da unidade que atenda as necessidades de professores e alunos em detrimento da inclusão;

É importante que o gestor escolar possibilite a participação dos especialistas da supervisão escolar e orientação educacional nas formações e cursos da Educação Especail aos quais o professor do AEE participa. Apoiar a parceria entre especialistas e professor do AEE para orientações conjuntas é um ganho para toda a comunidade escolar.

 
5- Especialistas e professores do AEE: Um grupo que tem tudo para dar certo!

- Um conhecedor da rotina técnico-administrativa da escola e do
cumprimento das funções e exigências que a função de Supervisor
Escolar e Orientador Educacional pedem, sabe que por vezes esses especialistas se sobrecarregam de outras tarefas e podem acabar  não servindo de suporte ao professor nas questões inclusivas, mas a proposta inclusiva não é atendimento diferenciado, especializado ao ANEE na sala do ensino formal a proposta é educacional e sendo assim, os conhecedores de toda a estrutura didático- pedagógica adequada para auxiliar professor e aluno são esses especialistas citados.

O profissional que poderá contribuir no âmbito educacional com as questões de Educação Especial específicas é o professor do AEE da Sala de Recursos Multifuncionais. Ele terá as respostas às questões mais específicas da deficiência e poderá auxiliar no manejo e nas dúvidas que persistirem.

- Supervisores, Orientadores e Professores do AEE a meu ver devem ser parceiros diretos, devem caminhar juntos, um aprendendo com o outro, pois ambos possuem um acervo de conhecimentos ricos no campo da Educação Formal e da Educação Especial . São 3 especialistas para o que a escola e o professor necessitam: contemplar as necessidades especiais dos alunos a serem incluídos. São profissionais presentes nas escolas, ao alcance diário do professor regente. Esse precisa aprender a cativá-los , aprender com eles para que esse intercâmbio de informações e orientações se somem à sua prática;

- Cabe aos especialistas conduzirem, apoiarem, incentivarem e buscarem junto com o professor estratégias e recursos para solucionar os entraves que impossibilitam o ANEE de aprender;

- O professor do Atendimento Educacional Especializado pode e deve ter uma função articuladora na escola:permitir-se ser figura de apoio especializado a todos os envolvidos no processo educativo, criando elos entre todos os segmentos necessários promoverá o pleno exercício da autonomia de seu aluno com NEE.

6- Alfabetização e Letramento no contexto da Educação Especial: Pode? Como deve ser conduzido esse processo...

Independente da idade/série que seu aluno com Necessidades Educativas Especiais(NEE) ou deficiência apresentrar, o professor e as famílias precisam saber que:

- Os desafios de ler e escrever para crianças com dificuldades de aprendizagem são inúmeros, para os ANEE não serão diferentes e irão depender dos níveis diversificados de comprometimento cognitivo;

De forma sucinta, o processo alfabético inicia com o desenvolvimento da consciência fonológica até chegar na leitura(que precede a escrita), na leitura e escrita de palavras, frases, pequenos textos, tudo de forma sistemática, ordenada e progressiva, portanto uma ação pedagógica desenvolvida para uma deficiência auditiva, visual e física sem comprometimento cognitivo pode ter êxito sem grandes dificuldades, mas o processo pode tornar-se mais árduo e desconhecido quando se tratar de deficiência intelectual ou múltipla;

Algumas crianças com deficiência intelectual ou múltipla frequentam a escola estando na série compatível com sua idade, porém em um estágio defasado na apropriação do mundo letrado. Não cabe ao professor do ensino comum realizar um trabalho diversificado em sala de aula, buscando suprir num curto espaço de tempo todas as habilidades e competências que esse educando não formou, nem elucidar como num “passe de mágica” a ausência ou defasagem de hipótese de escrita de um ANEE;

Em um contexto alfabetizador ou não, o professor do ensino comum deve criar situações que permitam ao ANEE experimentar, participar com a sua turma e refletir sobre a função da escrita, mesmo que ainda não saiba escrever;

É importante momentos que oportunizem esses aprendizes interagir com o mundo da leitura e da escrita para que avancem em seus conhecimentos mesmo que não encontrem-se no patamar de habilidades e competências do resto do grupo, para que avancem em suas hipóteses de escrita, percebam a função dela, para que iniciem o entendimento do código alfabético e ortográfico se alcançarem esse nível de entendimento;

Os Agentes de Atividades em Educação Especial  (monitores)portanto dentro de uma abordagem inclusiva, não assumem o papel de um alfabetizador individual para o ANEE, permanecendo ao lado do educando com função de aplicar atividades diferenciadas das do resto da turma, descontextualizadas da aula do professor e buscando o aprendizado do sistema de escrita.Esse parceiro do professor, do aluno e da turma toda é um profissional que irá auxiliar no manejo de classe, nos momentos que o professor precisar dispender atenção maior ao ANEE, na promoção da independência do educando com deficiência e nos cuidados de AVDS – atividades da vida diária caso o educando apresente limitações na locomoção, alimentação e higiene pessoal.

7- Flexibilização do Currículo, adequações de atividades para uma avaliação inclusiva: como fazer?

Para criar oportunidades de aprendizagens a todos, contemplando a diversidade em sala de aula, o professor precisa romper com práticas pedagógicas homogêneas onde o currículo seja configurado como único para toda a sala. Educando para a diversidade o professor poderá:

Organizar as atividades de classe privilegiando grupos de trabalho colaborativos e de apoio mútuo entre os alunos , garantindo uma aula dinâmica e inclusiva;

- Investir em atividades escolares cooperativas onde os alunos em grupo realizam tarefas diferenciadas dentro de um mesmo conteúdo curricular, ações que poderão apoiar a construção do conhecimento coletivo e de uma aprendizagem ativa e significativa;

O professor pode flexibilizar o currículo escolar permitindo a negociação de objetivos com a sua turma, por exemplo os alunos escolhem conteúdos, sugerem atividades a serem realizadas, participam das decisões estabelecendo prioridades  de aprendizagem. Estratégias como essa podem propiciar oportunidades de construções igualitárias;

O ANEE deve participar em sala de aula do mesmo conteúdo e das mesmas atividades ministradas a todos, porém as mesmas podem ser adequadas às habilidades e competências apresentadas pelo educando e o mesmo estabelecer parcerias de trabalho com outro(s) colega(s) para correrem riscos e tentarem caminhos alternativos na resolução de problemas;

As escolas inclusivas devem focar no enriquecimento dos conteúdos curriculares de forma que os mesmos promovam a igualdade, convivência pacífica, aprendizagem mútua e justiça social;

Levando em conta que o professor pode encontrar na diversidade da sala de  aula, graus de compreensão diferenciados e formas de aprender distintas, o processo de avaliação deve ser contínuo. O próprio educando com NEE estabelecerá através de suas habilidades e competências seus objetivos de aprendizagem e as formas do professor avaliar seus progressos em função de suas construções e avanços;

A montagem de um diagnóstico de avaliação inicial do ANEE, uso de instrumentos de acompanhamento da aprendizagem (como fichas e relatórios descritivos, portfólios de atividades), bem como outros subsídios para nortear a prática avaliativa do professor se fazem necessários e podem apontar novos caminhos na tarefa de ensinar;

A construção de planejamentos e planos de aula que contemplem a inclusão do ANEE fica a cargo do professor, faz parte da sua função e responsabilidade com o processo inclusivo, mas com apoio de especialistas na área, se assim ele sentir necessidade ,o exercício dessa prática permitirá novas fontes de criatividade e segurança de como transpor teoria à prática diária. Deixo aqui uma dica: modelos de planos de aula com flexibilização a várias deficiências no endereço: http://revistaescola.abril.com.br/inclusao/planos-de-aula.shtml?height=530&width= . Confiram !


8- E os pais dos ANEE? Também são Especiais?

- É essencial que a gestão escolar invista na orientação e no apoio às famílias dos ANEE, isso não quer dizer, permissividade a atitudes de inconseqüência e descumprimento de seu papel educativo junto a seus filhos.

- Pais de crianças com deficiência precisam receber suporte da escola, os profissionais devem investir em relações saudáveis e respeitosas com as famílias, sem apoiar a interpretação “errônea” que podem ter direitos a mais, tratamento especial ou regalias por ter um filho com NEE.

-  É preciso que a escola desenvolva reflexões e cobre o cumprimento do papel destinado a família na educação de seus filhos, sejam eles com ou sem deficiência em questões como:

Responsabilidade na freqüência escolar (assiduidade, pontualidade estabelecidas a todos os educandos da Unidade Escolar);

Parceria, boa comunicação e participação em eventos e reuniões escolares(uma prática de camaradagem com os profissionais que atuam com o seu filho);

Compromisso de manter a escola informada sobre a saúde, tratamentos externos ou outros problemas que possam afetar o desempenho do aluno;

Acompanhamento da vida escolar do filho;

Auxílio na imposição de limites em casa, quando o ANEE reproduz na escola a não aceitação às regras de grupo;

Cuidados básicos na mobilidade, alimentação e higiene pessoal de seu filho;

Garantia de segurança física e emocional ao ANEE quando nos cuidados de sua família.

   A escola precisa estar alerta a desajustes familiares como maus tratos, super proteção, negligência familiar, violência doméstica, cabendo medidas de ordem legal a qualquer responsável que descumpra o seu papel no seio familiar.


9- Limites sempre, piedade...por favor, não ajudará em nada !

   A escola comum inclusiva não deve sustentar uma visão que envolve somente o ato de “cuidar” em detrimento do ato de “ensinar”, de um saber sistematizado e isso se aplica a toda criança com deficiência, mesmo que apresente alto grau de comprometimento cognitivo.

   Também é papel da Educação a promoção de valores e atitudes de cidadania responsável e no provimento do desenvolvimento criativo da criança, sendo assim com todos para que possam viver em sociedade.

  - Algumas crianças dentro de suas patologias específicas da deficiência ao entrarem na escola encontram muita dificuldade em adaptar-se, entender as regras estabelecidas e respeitar combinados de grupo, portanto a imposição de limites (como ocorre com todos os alunos no âmbito escolar) pode ser uma das ações iniciais para que o professor consiga estabelecer vínculos afetivos e comunicação com esse ANEE. Sim, seria como uma antiga fórmula pedagógica do “amor com rigor”, em muitos casos a percepção do que pode ou não pode acontecer, o “freio social” ao qual alguns ANEE não apresentam, só será desenvolvido a medida que no grupo escolar ele aprender a se auto-governar;

Nesse contexto gestores, professores e demais profissionais envolvidos no processo educativo devem manter a mesma postura na exigência do cumprimento de regras por parte do aluno;

Agir como apenas provedores de amor, de piedade, de cuidadores na higiene e alimentação com crianças de grande comprometimento comportamental descaracterizará o papel de todos os profissionais envolvidos com a educação e não ajudará o ANEE a desenvolver sua autonomia.

5.  Avaliação:

   Durante três anos, vivenciei a Inclusão Escolar estando fora da sala do ensino comum, atuando como educadora especial e gostaria que esse estudo realizado e sintetizado no Guia Prático apresentado fosse uma nota introdutória às possibilidades do professor, de acordo com a sua realidade e de seus alunos, se aprofundar nas abordagens inclusivas citadas a partir de minha experiência.
 Não objetivo propor receitas, mas apontar caminhos e colaborar na construção do conhecimento que todos têm o direito; principalmente o professor que atua diretamente na linha de frente do processo educativo.
 O desafio é grande, afinal não existem respostas prontas, nem sujeitos iguais no quesito das deficiências, então o desafio da situação me levou ao desafio de tentar buscar na literatura especializada metodologias que contemplem formas reais de trabalho com os sujeitos descritos nesse documento.
            Avalio que o caminho trilhado até a concretização do Guia Teórico Metodológico apresentado por mim, fez parte de um projeto idealizado no início de minhas atividades na Sala de Recursos Multifuncionais, ganhou subsídios com a contribuição dos profissionais envolvidos no processo inclusivo da Escola Básica Prefeito Alberto Werner, tomou corpo no contato diário com educandos e pais nos Atendimentos Especializados e espero que contemple outras Unidades Escolares que busquem respostas práticas ao que muitas vezes se esconde no ocultismo e anonimato educacional.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


ABRIL.  Revista Eletrônica NOVA ESCOLA.  As Leis sobre Diversidade. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/inclusao/inclusao-no-brasil/leis-diversidade-424523.shtml?comments=yes  Publicado em outubro de 2006.



UNESCO. Guidelines for inclusion, Ensuring Acess to Education for All. UNESCO: Paris. 2005 (WWW.unescodoc.unesco.org/imagens/0014/001402/140224e.pdf)

MEC/SEESP. Educar na Diversidade. Material de Formação Docente. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial.2005.(HTTP://portal.mec.br/seesp/arquivos/pdf/educar%20na%20diversidade.pdf) 

 

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