História da Audiodescrição
MARGARET
ROCKWELL: A MÃE DA AUDIODESCRIÇÃO
Margaret ROCKWELL e seu marido Cody Pfanstiehl estarão para
sempre ligados à história da audiodescrição americana e também da
audiodescrição no mundo, já que o primeiro espetáculo teatral com
audiodescrição que se tem notícia no mundo foi resultado do trabalho dos dois.
Margaret
tinha retinose pigmentar e, aos 30 anos, perdeu completamente a visão. A partir
daí, tornou-se uma ativista pela acessibilidade das pessoas com deficiência
visual e passou grande parte de sua vida trabalhando para que tivessem acesso à
leitura de jornais, à televisão e ao teatro. Fundou em 1974 um serviço de
leitura para cegos, transmitido via rádio, o Metropolitan Ear.E
foi com Cody, seu marido e voluntário do Metropolitan Ear, que em 1981
implementou o programa de audiodescrição no teatro, no Arena Stage Theater, em
Washington DC., a pedido das próprias companhias locais.
O
conceito de audiodescrição já havia sido desenvolvido e apresentado na
academia, em 1974, por Gregory Frazier, em sua tese de mestrado que tratava do
tema cinema para cegos, também nos Estados Unidos. Mas foi com o casal
Pfanstiehl, que o conceito criou vida, se materializou e pôde beneficiar tantas
pessoas com deficiência visual que ficaram literalmente encantadas com a possibilidade
de apreciar plenamente um espetáculo teatral. O sucesso foi tanto que logo o
recurso começou a ser utilizado em muitos outros teatros, esparramando-se
também para a Europa.
Margaret
e Cody aprimoraram técnicas, sempre contanto com o feedback das pessoas
com deficiência visual que assistiam aos espetáculos; treinaram
audiodescritores nos Estados Unidos e outros países. Além dos teatros, eles
produziram audioguias para museus e trabalhos para a televisão, o que foi a
semente para a acessibilidade na televisão americana. Por sua luta pela
acessibilidade, Margaret recebeu o prêmio Emmy Award, em 1990, e o
reconhecimento das pessoas com deficiência visual do mundo todo.
Margaret
amava as artes e sempre dizia que os cegos perdem detalhes e ações muito importantes
quando assistem a uma peça ou a um programa de televisão. Ela costumava dizer
que adoraria ter uma vozinha para lhe dizer se era um tiro ou uma porta batendo
no palco, se o vilão estava correndo com um punhal, se os amantes estavam ou
não se entreolhando…
Ela
preparava os audiodescritores para não serem condescendentes com os cegos em
suas gravações ou audiodescrições ao vivo. Contou que uma vez foi assistir a
uma peça chamada: THE CAINE MUTINY, feita por um audiodescritor novato
e, em um determinado momento, o audiodescritor falou nos fones de ouvido: “Ele
está influenciando a testemunha”.
Margaret
ficou muito aborrecida e pediu ao audiodescritor para não fazer mais isso.
Explicou com veemência que as pessoas cegas podem ouvir, elas só não podem ver.
A maioria das pessoas cegas que vêm ao teatro, ela disse, são muito
sofisticadas. E completou: “Se você pode chegar à conclusão que o personagem
está influenciando a testemunha, uma pessoa cega também poderá fazê-lo. Você
está lá para ser os olhos, as lentes de uma câmera colorida, para dizer tudo
aquilo que você está vendo. O que chegar a seus olhos, sairá pela boca.”
Morreu
de doença pulmonar em 28 de setembro de 2009, mas será para sempre lembrada por
milhões de pessoas que aprenderam a técnica, que trabalham e que se beneficiam
do recurso nos mais diversos tipos de espetáculos e eventos.
Referências
Por
Lívia Motta – em 15 de maio de 2012.
SITE VER COM PALAVRAS - Audiodescrição
Nenhum comentário:
Postar um comentário