Inclusão Escolar e Audiodescrição - Por: Lívia Maria Villela de
Mello Motta*
ORIENTAÇÕES AOS
EDUCADORES
Quando
falamos em inclusão escolar, em escola inclusiva, a escola que recebe, acolhe e
oferece oportunidades de aprendizagem para todos os alunos, alguns
questionamentos ainda teimam em vir à tona, por exemplo, as atividades
escolares. Como preparar atividades escolares que contemplem as necessidades
de todos os alunos? Como despertar a curiosidade, ampliar a visão de mundo,
propiciar o acesso às informações a todos os alunos? Muitos são os recursos que
poderão ser utilizados em sala de aula para responder a essas questões, dentre
eles, a audiodescrição: um recurso de acessibilidade que amplia o entendimento
das pessoas com deficiência visual em eventos culturais (peças de teatro,
programas de TV, exposições, mostras, musicais, óperas, desfiles, espetáculos
de dança), turísticos (passeios, visitas), esportivos (jogos, lutas,
competições), acadêmicos (palestras, seminários, congressos, aulas, feiras de
ciências, experimentos científicos, histórias) e outros, por meio de
informação sonora. A audiodescrição transforma o visual em verbal, abrindo
possibilidades maiores de acesso à cultura e à informação, contribuindo para a
inclusão social, cultural e escolar. Além das pessoas com deficiência visual,
esse recurso amplia também o entendimento de pessoas com deficiência
intelectual, idosos e com dislexia. Para isso, são usados os mesmos
equipamentos de tradução simultânea, fones de ouvido e receptores. A
informação sonora é transmitida pelos audiodescritores de dentro de uma
cabine, com um roteiro previamente preparado, estudo sobre o tema e
terminologia, inserida preferencialmente entre as falas dos personagens. Na
televisão, a audiodescrição já era para ter sido implantada desde junho de
2008, com duas horas de programação audiodescritas por dia que seriam
transmitidas pela tecla SAP (canal secundário de áudio). Entretanto, o recurso
foi suspenso pelo Ministério das Comunicações, colocado em consultas públicas
e novas portarias foram baixadas. Uma verdadeira saga, que culminou com a
publicação da portaria 188 de março de 2010, que prevê a transmissão de duas
horas semanais de programas audiodescritos a partir de julho de 2011, já na TV
digital, diminuindo drasticamente as possibilidades de acesso à cultura e
informação.Na escola, o próprio professor pode
descrever o universo imagético presente em sala de aula como ilustrações nos
livros didáticos e livros de história, gráficos, mapas, vídeos, fotografias,
experimentos científicos, desenhos, peças de teatro, passeios, feiras de
ciências, visitas culturais, dentre outros, sem precisar de equipamentos para
tal, mas ciente da importância de verbalizar aquilo que é visual, o que
certamente irá contribuir para a aprendizagem de todos os alunos. Todos se
beneficiam com o recurso, tanto aqueles que escutam como aqueles que fazem a
audiodescrição, pois além do senso de observação, há uma ampliação do
repertório e fluência verbais. O uso da audiodescrição na escola permite a
equiparação de oportunidades, o acesso ao mundo das imagens e a eliminação de
barreiras comunicacionais.
*Lívia Maria Villela de Mello Motta é doutora em
Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem pela PUC de São Paulo, e atua tanto
na área de formação de professores para a escola inclusiva, como na área de
inclusão cultural das pessoas com deficiência vi-sual, com foco na formação de
audiodescritores para teatro, cinema, TV e outros espetáculos, eventos sociais
e pedagógicos. E-mail: lívia@terra.com.br
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" A audiodescrição é uma tecnologia assistiva que
busca suprir a lacuna deixada pela comunicação visual, para aqueles que dela não
conseguem tirar proveito. No atual estado da arte dos meios de comunicação, não
há dúvidas de que a ausência da audiodescrição cria uma situação de
desconforto. Inúmeros são os momentos em que sentimos
falta de um detalhamento do que está acontecendo. Seja na televisão, teatro,
cinema ou mesmo nas descrições de gráficos e figuras de um livro, ou imagens de
uma página da internet, ela é fundamental para a participação efetiva das
pessoas com deficiência na interação com a sociedade" Laercio Santana - PRODAM
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