19. Síndrome de
Asperger
A síndrome de Asperger ou o transtorno de Asperger ou ainda Desordem
de Asperger (código CIE-9-MC: 299.8) é uma síndrome que está
relacionada com o autismo,
diferenciando-se deste por não comportar nenhum "atraso ou retardo global
no desenvolvimento cognitivo ou de linguagem".
O termo "síndrome de Asperger" foi utilizado pela primeira vez por
Lorna Wing em 1981 num jornal médico, que pretendia desta forma honrar Hans Asperger, um psiquiatra e pediatra austríaco cujo trabalho não foi reconhecido internacionalmente até
a década de 1990. A síndrome foi reconhecida pela primeira vez no Manual Diagnóstico e
Estatístico de Transtornos Mentais, na sua quarta edição, em 1994 (DSM-IV).
Alguns sintomas de Asperger são: dificuldade de interação social e empatia;
interpretação muito literal da linguagem; dificuldade com mudanças,
perseveração em comportamentos estereotipados. No entanto, pode isso ser
conciliado com desenvolvimento cognitivo normal ou alto. É mais comum no sexo
masculino. Quando adultos, podem seguir uma profissão, casar-se, e até mesmo,
há indivíduos com Asperger que se tornam professores universitários.
Suspeita-se que Albert Einstein, o físico Isaac Newton, o compositor Mozart e o pintor
renascentista Michelângelo também fossem portadores da síndrome, além do cineasta Stanley Kubrick e do filósofo Wittgenstein, bem como Andy Warhol e até mesmo Bill Gates. Outra Asperger de sucesso chama-se Temple Grandin, nos Estados Unidos, uma engenheira e zoóloga, professora
universitária. Outro Asperger de sucesso é Syd Barret, vocalista, guitarrista e compositor do Pink Floyd, que devido à Síndrome de Asperger (em conjunto com o consumo de drogas
alucinógenas), viria a só participar no primeiro álbum (maioritariamente) e,
minoritariamente, no segundo álbum da banda. Também o vocalista da banda
australiana The Vines, Craig Nicholls, foi diagnosticado com a sídrome. Nicholls cataliza toda a
sua inteligência na música, criando climas energéticos e totalmente
psicodélicos, estando, no entanto, afastado de quase todo o relacionamento
social.
Classificação e diagnóstico
A Síndrome de Asperger se relaciona com o Transtorno de Asperger
definido na seção 299.80 do DSM-IV por seis critérios principais, que definem a
síndrome como uma condição em que haja:
2. Presença de comportamentos e interesses muito
específicos, repetitivos e estereotípicos;
3. Prejuízo significativo em áreas importantes de
funcionalidade;
5. Durante os primeiros três anos de vida, pode não haver
nenhum retardo clinicamente relevante no desenvolvimento cognitivo como curiosidade quanto ao ambiente existente ou a aquisição de aptidões
próprias da idade, faculdades de auto-ajuda, ou adaptação de comportamento (além da interação social); e
6. Os sintomas não podem ser melhor descritos por nenhum
outro transtorno pervasivo de desenvolvimento ou esquizofrenia.[1]
A SA é um transtorno do espectro do
autismo (ASD em inglês), um das cinco
condições neurológicas caracterizadas por diferenças na aptidão para linguagem e comunicação, bem
como padrões repetitivos ou restritivos de pensamento e comportamento. Os
quatro outros transtornos ou condições são Autismo, Síndrome de Rett, transtorno desintegrativo
infantil e PDD não especificado (PDD-NOS) (transtorno pervasivo de desenvolvimento
não-especificado de outra forma).[2]
O diagnóstico da SA é complexo em virtude de que mesmo através do uso de
vários instrumentos de avaliação[2] não existe
um exame clínico que a detecte. Os critérios de diagnóstico do Diagnostic
and Statistical Manual norte-americano são criticados por serem vagos e
subjetivos[3][4]. Outros
conjuntos de critérios de diagnóstico para a SA são o ICD 10 da OMS, o de Szatmari[5], o de Gillberg[6], e Critério
de Descoberta de Attwood & Gray[7]. A
definição ICD-10 tem critérios semelhantes aos da versão DSM-IV[7] Asperger's
syndrome had at different times been called Autistic
psychopathy and Schizoid disorder of childhood,[8] apesar de tais
termos serem atualmente entendidos como arcaicos e imprecisos, e portanto não
mais aceitos no uso médico.
Alguns médicos acreditam que a SA não é um transtorno separado e distinto,
e referem-se a ela como autismo de alta funcionalidade (AAF)[2]. Os diagnósticos de SA e AAF são usados indistintamente,
complicando as estimativas de prevalência: a mesma criança pode receber
diferentes diagnósticos, dependendo do método aplicado pelo médico. Algumas
crianças podem ser diagnosticadas com AAF em vez de SA, e vice-versa[2]. Vários
clínicos experientes aplicam o procedimento preventivo para Autismo de Alta
Funcionalidade ou o padrão regressivo de desenvolvimento como fator diferencial
entre SA e AAF. A classificação atual dos transtornos de desenvolvimento
pervasivo (TDP) não satisfaz a maior parte dos pais, médicos e pesquisadores,
nem reflete a real natureza das condições[9]. Peter
Szatmari, um pesquisador canadense de TDP, acredita que é necessária uma maior
precisão para diferenciar melhor os vários diagnósticos. Os padrões DSM-IV e
ICD-10 se concentram na idéia de há discretas entidades biológicas dentro do
PDD, o que leva a uma preocupação com a busca por diferenças cross-sectional
entre subtipos de PDD em vez de reconhecer as condiçõoes como pontos distintos em
um espectro, uma estratégia que não foi muito útil na classificação nem na
prática clínica[9].
Características
·
Interesses específicos ou preocupações com um tema em
detrimento de outras atividades;
·
Rituais ou comportamentos repetitivos;
·
Peculiaridades na fala e na linguagem;
·
Padrões de pensamento lógico/técnico extensivo (às vezes
comparado com os traços de personalidade do personagem Spock de Jornada nas Estrelas);
·
Comportamento socialmente e emocionalmente impróprio e
problemas de interação interpessoal;
·
Transtornos motores, movimentos desajeitados e
descoordenados.
As características mais comuns e importantes da SA podem ser divididas em
várias categorias amplas: as dificuldades sociais, os interesses específicos e
intensos, e peculiaridades na fala e na linguagem. Outras características são
comumente associadas com essa síndrome, mas nem sempre tomadas como necessárias ao diagnóstico.
Esta seção reflete principalmente as visões de Attwood, Gillberg e Wing sobre
as características mais importantes da SA; os critérios DSM-IV representam uma
visão ligeiramente distinta. Diferentemente da maioria dos tipos de TDP, a SA é
geralmente camuflada, e muitas pessoas com o transtorno convivem perfeitamente
com os que não têm. Os efeitos da SA dependem de como o indivíduo afetado
responde à própria síndrome[7].
Diferenças sociais
Apesar de não haver uma única distinção comum a todos os portadores de SA,
as dificuldades com o convívio social são praticamente universais, e portanto
também são um dos critérios definidores mais relevantes. As pessoas com SA não
têm a habilidade natural de enxergar os subtextos da interação social, e podem
não ter capacidade de expressar seu próprio estado emocional, resultando em
observações e comentários que podem soar ofensivos apesar de bem-intencionados,
ou na impossibilidade de identificar o que é socialmente "aceitável".
As regras informais do convívio social que angustiam os portadores de SA são
descritas como "o currículo oculto"[10]. Os Aspergers
precisam aprender estas aptidões sociais intelectualmente de maneira clara,
seca, lógica como matemática, em vez de intuitivamente por meio da interação
emocional normal[11].
Os não-autistas são capazes
de captar informação sobre os estados cognitivos e emocionais de outras pessoas
baseadas em "pistas" deixadas no ambiente social e em traços como a expressão facial, linguagem corporal, humor e ironia. Já os
portadores de SA não têm essa capacidade, o que é às vezes chamado de
"cegueira emocional"[12][13]. Este fenômeno
também é considerado uma carência de teoria da mente[14]. Sem isso, os
indivíduos com SA não conseguem reconhecer nem entender os pensamentos e
sentimentos dos demais. Desprovidos dessa informação intuitiva, não podem
interpretar nem compreender os desejos ou intenções dos outros e, portanto, são
incapazes de prever o que se pode esperar dos demais ou o que estes podem
esperar deles. Isso geralmente leva a comportamentos impróprios e anti-sociais.
No texto Asperger's Syndrome, Intervening in Schools, Clinics, and
Communities, Tony Attwood categoriza as várias maneiras que a carência de
"teoria mental" ou abstração podem afetar negativamente as interações
sociais de portadores de Asperger[15]:
1. Dificuldade em ler as
mensagens sociais e emocionais dos olhares - portadores de SA geralmente não
olham nos olhos, e quando olham, não conseguem "ler".
2. Interpretar literalmente
- indivíduos com SA têm dificuldade em interpretar coloquialismos, ironia,
gírias, sarcasmo e metáforas.
3. Ser considerado grosso,
rude e ofensivo - propensos a comportamento egocêntrico, Aspergers não captam
indiretas e sinais de alertas de que seu comportamento é inadequado à situação
social.
4. Honestidade e ludibrio -
portadores de Asperger são geralmente considerados "honestos demais"
e têm dificuldade em enganar ou mentir, mesmo às custas de magoar alguém.
5. Aperceber-se de erros
sociais - à medida que os Aspergers amadurecem e se tornam cientes de sua
"cegueira emocional", começam a temer cometer novos erros no
comportamento social, e a autocrítica em relação a isso pode crescer a ponto de
se tornar fobia.
6. Paranóia - por causa da
"cegueira emocional", pessoas com SA têm problemas para distinguir a
diferença entre atitudes deliberadas ou casuais dos outros, o que por sua vez
pode gerar uma paranóia.
7. Lidar com conflitos - ser
incapaz de entender outros pontos de vista pode levar a inflexibilidade e a uma
incapacidade de negociar soluções de conflitos. Uma vez que o conflito se
resolva, o remorso pode não ser evidente.
8. Consciência de magoar os
outros - uma falta de empatia em geral leva a comportamentos ofensivos ou
insensíveis não-intencionais.
9. Consolar os outros - como
carecem de intuição sobre os sentimentos alheios, pessoas com AS têm pouca
compreensão sobre como consolar alguém ou fazê-los se sentirem melhor.
10.
Reconhecer sinais de enfado - a incapacidade de entender
os interesses alheios pode levar Aspergers a serem incompreensivos ou
desatentos. Na mão inversa, pessoas com SA geralmente não percebem quando o
interlocutor está entediado ou desinteressado.
11.
Introspecção e auto-consciência - indivíduo com SA têm
dificuldade de entender seus próprios sentimentos ou o seu impacto nos
sentimentos alheios.
12.
Vestimenta e higiene pessoal - pessoas com SA tendem a
ser menos afetadas pela pressão dos semelhantes do que outras. Como resultado,
geralmente fazem tudo da maneira que acham mais confortável, sem se importar
com a opinião alheia. Isto é válido principalmente em relação à forma de se vestir
e aos cuidados com a própria aparência.
13.
Amor e rancor recíprocos - como Aspergers reagem mais
pragmaticamente do que emocionalmente, suas expressões de afeto e rancor são em
geral curtas e fracas.
14.
Compreensão de embaraço e passo em falso - apesar do fato
de pessoas com SA terem compreensão intelectual de constrangimento e gafes, são
incapazes de aplicar estes conceitos no nível emocional.
15.
Lidar com críticas - pessoas com SA sentem-se
forçosamente compelidas a corrigir erros, mesmo quando são cometidos por
pessoas em posição de autoridade, como um professor ou um chefe. Por isto,
podem parecer imprudentemente ofensivos.
16.
Velocidade e qualidade do processamento das relações
sociais - como respondem às interações sociais com a razão e não intuição, portadores
de SA tendem a processar informações de relacionamentos muito mais lentamente
do que o normal, levando a pausas ou demoras desproporcionais e incômodas.
17.
Exaustão - quando um indivíduo com SA começa a entender o
processo de abstração, precisa treinar um esforço deliberado e repetitivo para
processar informações de outra maneira. Isto muito freqüentemente leva a
exaustão mental.
Uma pessoa com SA pode ter problemas em compreender as emoções alheias: as
mensagens passadas pela expressão facial, olhares e gestual não surtem efeito.
Eles também podem ter dificuldades em demonstrar empatia. Assim,
Aspergers podem parecer egoístas, egocêntricos ou insensíveis. Na maioria dos
casos, estas percepções são injustas porque os portadores da Síndrome são
neurologicamente incapazes de entender os estados emocionais das pessoas à sua
volta. Eles geralmente ficam chocados, irritados e magoados quando lhes dizem
que suas ações são ofensivas ou impróprias. É evidente que pessoas com SA têm
emoções. Mas a natureza concreta dos laços emocionais que venham a ter (ou
seja, com objetos em vez de pessoas) pode parecer curiosa ou até ser uma causa
de preocupação para quem não compartilha da mesma perspectiva[16].
O problema pode ser exacerbado pelas respostas daqueles neurotípicos que interagem com portadores de SA. O aparente desapego emocional de um
paciente Asperger pode confundir e aborrecer uma pessoa neurotípica, que por
sua vez pode reagir ilógica e emocionalmente — reações que vários Aspergers
especialmente não toleram. Isto pode gerar um círculo vicioso e às vezes
desequilibram particularmente famílias de pessoas Aspergers.
O fato de não conseguir demonstrar afeto — pelo menos de modo convencional
— não significa necessariamente que pessoas com SA não sintam afeto. A
compreensão disto pode ajudar parceiros ou convíveres a se sentir menos
rejeitados e mais compreensivos. O aumento da compreensão também pode resultar
de leitura e pesquisa sobre a Síndrome e outros transtornos comórbidos[17] Às vezes, ocorre o
problema oposto: a pessoa com SA é anormalmente afeiçoada a alguém e não
consegue captar ou interpretar sinais daquela pessoa, causando aborrecimento[18].
Outro aspecto importante das diferenças sociais encontradas em Aspergers é
uma fraqueza na coerência central do indivíduo[19]. Pessoas
com esta deficiência podem ser tão focadas em detalhes que não conseguem
compreender o conjunto. Uma pessoa com coerência central fraca pode lembrar de
uma história minuciosamente mas ser incapaz de fazer um juízo de valor sobre a
narrativa. Ou pode entender um conjunto de regras detalhadamente mas ter
dúvidas de como aplicá-las. Frith e Happe exploram a possibilidade de que a
atenção a detalhes seja uma abordagem em vez de deficiência. Certamente parece
haver várias vantagens em orientar-se por detalhes, particularmente em
atividades e profissões que requeiram alto nível de meticulosidade. Também
pode-se entender que isto cause problemas se a maior parte dos não-autistas
(mas certamente nem todos) forem capaz de transitar fluidamente entre a
abordagem detalhista e a generalista.
Diferenças de fala e linguagem
Pessoas com SA tipicamente tem um modo de falar altamente
"pedante", usando um registro formal muitas vezes impróprio para o
contexto. Uma criança de cinco anos de idade com essa condição pode falar
regularmente como se desse uma palestra universitária, especialmente quando
discorrer sobre seu(s) assunto(s) de interesse[20].
A interpretação literal é outro traço comum, embora não universal, da
Síndrome de Asperger. Attwood dá o exemplo de uma menina com SA que um dia
atendeu ao telefone e perguntaram “O Paul está aí?”. Embora o Paul em questão
estivesse em casa, não estava no mesmo cômodo que ela. Assim, após olhar em
volta para se certificar disso, a menina simplesmente respondeu "Não"
e desligou. A pessoa do outro lado da linha teve de ligar novamente e explicar
a ela que queria que a menina encontrasse o Paul e passasse o telefone a ele[21].
Indivíduos com SA podem usar palavras idiossincráticas, incluindo neologismos e justaposições incomuns. Isto pode tornar-se um raro dom para humor (especialmente trocadilhos, jogos de palavras e sátiras). Uma fonte potencial de humor é a percepção
eventual de que suas interpretações literais podem ser usadas para divertir os
outros. Alguns são tão apurados no domínio da língua escrita que podem ser
considerados hiperléxicos. Tony Attwood se cita a habilidade de uma uma criança em particular de
inventar expressões, por exemplo, “tirar o pingo dos is” (o oposto de botar o
pingo nos is) ou dizer que seu irmão bebê está “escangalhado” por não poder
andar nem falar[22].
Crianças com SA podem demonstrar aptidão avançadas demais para sua idade em
relação a fala, leitura, matemática, noções de espaço ou música, às vezes no
nível de "superdotados", mas estes talentos são contrabalançados por
retardamentos consideráveis no desenvolvimento de outras funções cognitivas[23] Outros
comportamentos típicos são ecolalia (repetição ou eco da fala do interlocutor) e palilalia (repetição de suas próprias palavras)[24].
Um estudo de 2003 investigou a linguagem escrita de crianças e adolescentes
com SA. As amostras foram comparadas aos seus pares neurotípicos num teste
padronizado de escrita e legibilidade da caligrafia. Nas técnicas de escrita,
não foram encontradas diferenças significativas entre os padrões de ambos os
grupos; entretanto, na caligrafia, os participantes com SA produziram letras e
palavras consideravelmente menos legíveis do que as do grupo neurotípico. Outra
análise de exemplos de texto escrito constatou que pessoas com Asperger
produzem quantidade de texto similar às dos neurotípicos, mas têm dificuldade
em produzir escrita de qualidade[25].
Tony Attwood afirma que um professor pode gastar tempo considerável
interpretando e corrigindo o garrancho indecifrável de uma criança com
Asperger. A criança também é ciente da qualidade inferior de sua caligrafia e
pode relutar em participar de atividades que envolvam trabalho manuscrito
extensivo. Infelizmente para alguns adultos e crianças, os professores
colegiais e os potenciais empregadores podem considerar a precisão da
caligrafia como medida da inteligência e personalidade. A criança pode requerer
assistência de terapia ocupacional e exercícios corretivos, mas a tecnologia moderna pode ajudar minimizar
este problema. O pai ou monitor poder também atuar como redator ou revisor da
criança para assegurar a legibilidade das respostas nos deveres de casa[26].
Interesses específicos e intensos
A Síndrome de Asperger na criança pode se desenvolver como um nível de foco
intenso e obsessivo em assuntos de interesse, muitos dos quais são os mesmos de
crianças normais. A diferença de crianças com SA é a intensidade incomum desse
interesse[27]. Alguns
pesquisadores sugeriram que essas "obsessões' são essencialmente
arbitrárias e carecem de qualquer significado ou contexto real. No entanto,
pesquisa recente sugere que geralmente não é esse o caso[28].
Algumas vezes, os interesses são vitalícios; em outros casos, vão mudando a
intervalos imprevisíveis. Em qualquer caso, são normalmente um ou dois
interesses de cada vez. Ao perseguir estes interesses, portadores de SA freqüentemente
manifestam argumentação extremamente sofisticada, um foco quase obsessivo e uma
memória impressionantemente boa para dados factuais (ocasionalmente, até memória eidética)[29][30]. Hans
Asperger chamava seus jovens pacientes de "pequenos professores" por
que ele achava que seus pacientes tinham como compreensão um entendimento de
seus campos de interesse assim como os professores universitários.[31].
Alguns clínicos não concordam totalmente com esta descrição. Por exemplo,
Wing e Gillberg argumentam que, nas crianças com SA, estas áreas de interesse
intenso tipicamente envolvem mais memorização do tipo "decoreba" do
que a compreensão real[29], apesar de
aparências demonstrarem o contrário. Tal limitação é um artefato dos critérios
diagnósticos, mesmo sob os de Gillberg, entretanto[6].
Pessoas com Síndrome de Asperger podem ter pouca paciência com coisas fora
destes campos de interesse específico. Na escola, podem ser considerados
inaptos ou superdotados altamente inteligentes, claramente capazes de superar
seus colegas em seu campo do interesse, e ainda assim constantemente
desmotivados para fazer deveres de casa comuns (às vezes até mesmo em suas
próprias áreas de interesse). Outros podem ser hipermotivados para superar os
colegas de escola. A combinação de problemas sociais e de interesses
específicos intensos pode conduzir ao comportamento incomum, tal como abordar um
desconhecido e iniciar um longo monológo sobre um assunto de interesse especial
em vez de se apresentar antes da maneira socialmente aceita. Entretanto, em
muitos casos os adultos podem superar estas impaciências e falta de motivação e
desenvolver mais tolerância às novas atividades e a conhecer pessoas[23].
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